O 1º dia dentro de uma viatura policial

        Quando terminei o CFSd, na escolha de vagas, escolhi um batalhão da Zona Leste de São Paulo, o 39ºBPM/M. Nos primeiros dias, os recém-formados ficaram no POP (Policiamento Ostensivo a Pé) no Metrô e Shopping Itaquera, ao lado do estádio do Corinthians. Tudo supervisionado por um Cabo ou Sargento, o foco era a visibilidade e a prevenção de crimes, pois esse é o foco da PM, porém, esse período uma hora ia acabar e logo estaríamos nas viaturas.

 


     Ao fim dos estágios no POP, o comandante do batalhão decidiu nos colocar para estagiar nos pelotões. A princípio, eu fui para o turno do dia. Após a preleção com o Sargento e a manutenção de primeiro escalão da viatura, partimos para o patrulhamento e atendimento de ocorrências. Bom, o sentimento no primeiro momento foi susto/medo e o pensamento de "o que estou fazendo aqui?". Senhores, tem uma parcela aí de novatos que se acham "bilões" e afirmam nunca ter medo de nada, que patrulham "caçando o bicho pra trombar". Bom, meu conselho é: não ouçam eles. Quando comecei a trocar ideia com os mais antigos, vi que a polícia é bem diferente do que eu pensava e que o objetivo é resolver problemas e não gerá-los. Na matéria de Policiamento Comunitário, é passado que a PM quer evitar o confronto. Então, questiono: Se é para evitar o confronto e procurar meios pacíficos de resolver os problemas, por que muitos novatos querem tocar o terror?

       A maior parte daquele sentimento de susto/medo veio originado da ideia de polícia que tínhamos em mente. É claro, não vamos ficar vacilando e andar desatentos por aí, pois o crime existe, o crime é real e enxergam a polícia e a sociedade como inimigos deles, porém, com o tempo, fui aprendendo a lidar com aquele sentimento, me adaptando com a realidade do dia-a-dia e aprendendo com os mais antigos na polícia.

       O medo é um bom sentimento quando equilibrado, é ele que te mantém atento as circunstâncias de perigo, a falta dele faz com que façamos coisas que aumentam em quase 100% as chances de prejuízo para nós. Lembre-se do que eu disse: O crime existe, o crime é real e tem a polícia e a sociedade como inimigos, portanto, no patrulhamento, a atenção deve ser constante!

       Da mesma forma, o criminoso também tem medo, ele sempre procura os melhores momentos para agir e suas ações, geralmente, são muito rápidas, pois, quanto menos tempo ele levar para concluir um roubo, é mais tempo para ele fugir até a chegada da polícia. Vou contar um caso que aconteceu em um dos serviços. Estávamos patrulhando quando o COPOM informou sobre indivíduos em um veículo que estariam roubando pedestres em uma determinada rua, de imediato, fomos até o local, porém, não havia mais nem veículo e nem pessoas. Posteriormente, outro chamado de roubo a pedestres praticados por indivíduos dentro de um veículo em outra rua, corremos para lá, porém, os mesmos já haviam fugido. Então, o criminoso também tem medo, ele não quer trocar tiros, pois ele sabe que as chances dele ser ferido e vier a óbito são reais.


       No primeiro dia, abordamos alguns rapazes que estavam sentados em local onde costuma ocorrer o tráfico de drogas, revistamos eles e nada foi encontrado no momento, um deles já tinha um criminal, porém, nada devia para a justiça. Toda abordagem deve ser feita em local seguro e sem pressa, pois, se ali há um criminoso, ele não pode passar despercebido devido a pressa dos policiais. Portanto, quando vocês abordarem, tenham calma, sigam os procedimentos operacionais para a abordagem, sequenciem as ações, mas, não deixem passar nada despercebido e nem volte para casa com dúvidas.

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