Ser "QRU NIHIL" ou fazer o previsto?


    No meio policial, é muito comum ouvir a expressão "QRU NIHIL", cuja referência é atribuída ao policial que faz apenas o que é previsto, porém, muitas das vezes é visto como uma pessoa que não quer nada com nada na profissão.
    Com o tempo a gente vai vendo que essa ideia de querer "billar" e ficar caçando uma ocorrência monstra, cheia de coisas e tal, é coisa de quem é novo na instituição, pois, os mais antigos já possuem uma outra ideia sobre o que é ser "Billy".
    O termo "Billy" é uma expressão que indica um policial é bom, já o "QRU Nihil" é aquele que, na mente de alguns policiais, não são tão bons assim ou não fazem "nada", quando não são acusados de usarem a polícia como "cabide de emprego".
    Certa vez, conversando com um policial que havia servido na ROTA (Ronda Ostensivas Tobias de Aguiar), ele me disse o seguinte: "Quis billar tanto que agora estou respondendo um monte de processos que poderiam ter sido evitados. Meu irmão tem o mesmo tempo de polícia que eu, sempre foi mais tranquilo do que eu e até hoje ele está trabalhando sem responder nada, sem ter que esquentar a cabeça com advogados e gastar uma fortuna com os mesmos. Então, Billy é ele e não eu!".
    Não foi apenas desse policial que eu ouvi isso. Outra vez, ouvi de um antigo parceiro, o qual havia servido na Força Tática: "Irmão, não compensa a gente ficar caçando BO igual louco, ocorrência boa cai no colo e todos terão a chance de pegar uma ocorrência top. Nessa de ficar caçando, saindo do que é previsto, as chances de dar algo ruim sempre são maiores e as consequências não são nada boas.".


    Em outro diálogo, também com um policial que havia servido na ROTA, ele me disse: "Billy, já fiz muitas coisas que hoje não recomendo, pois, se elas tivessem dado certo naquele tempo, acredito que o mundo estaria melhor e não do jeito que está hoje".
    Atualmente, todas as patrulhas da PM em SP devem patrulhar com os sinais luminosos acesos, executando o papel de policiamento ostensivo e preventivo. Porém, não é raro que alguns policiais acessem locais de comunidades em busca de tentar capturar algum criminoso e, em alguns casos, quem sai ganhando é a marginalidade. Infelizmente, há uns meses atrás, por conta de uma incursão mal planejada, tivemos que sepultar um policial. Acredite, não foi nada fácil ver sua esposa e filhos chorando sobre seu caixão no Mausoléu da Polícia Militar (Cemitério do Araçá), sendo que o ocorrido poderia ter sido evitado.
Quartel da ROTA visto de cima

    Poderia postar aqui inúmeras situações em que algum policial se prejudicou com algum tipo de lesão ou saiu morto. Nós temos que ter em mente que a vida é o nosso bem maior, pois, só pode voltar para a casa, abraçar esposa e filhos quem está VIVO!

    Completo afirmando o seguinte: O maior Billy é aquele que ao final de cada turno vai para sua casa!
    Entendam, não estou dizendo para fugir e ser um omisso, ao contrário, se tiver que trocar tiros, vá. Se tiver que sair "na mão", vá. O que tiver que ser feito, faça! Porém, tenha cuidado com o que é feito, pois, ao fim de cada serviço temos com que nos encontrar.
    As vezes, para ser Billy, tem que ser "QRU Nihil"!

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